Revolta

Não há outra palavra para definir o que sinto após a decisão da "Justiça".

Treze anos de cadeia para UM dos acusados do assassinado do Zaca é justo? (após ter matado, cruelmente, meu melhor amigo com 21 facadas, sem possibilidade de defesa???) Isso é justiça??

Absolver um acusado que confessou, por vários momentos, ter participado do crime e ter deixado uma 'caderneta' no local onde foi encontrado o corpo (talvez na 'caderneta' dele não estivesse escrito "3 de Fevereiro de 2008, 2:30 da madrugada: espanquei e esfaqueei, até a morte, Zaqueu Sousa de Sá), talvez se assim tivesse, ele teria sido preso. Isso é Justo?

Ah!!! Esqueci...Ele é analfabeto, coitado! Tem a "cabeça pequena" e só confessou por pressão do comparsa (um menor de 21 anos que convivia com ele). Não há nada mais justo do que o absolver, não é?

Ver livre a esposa do absolvido (que teve participação na ocultação do cadáver, ou no mínimo foi cúmplice deste bárbaro crime) zombar da cara da nossa família ao dizer: "hoje vamos beber nossa cerveja!!!" A isso, se dá o nome de "Justiça"?

No dia 02 de Abril de 2009, entendi que todos os meus conceitos de justiça estavam errados. Aprendi que algumas pessoas "tem a psicologia mais elevada do que as outras" (o meu nível de psicologia deve estar muito baixo mesmo, pois não entendi, até agora, como a sentença foi, de certa forma, favorável aos dois acusados da morte do Zaca).

Francamente não é, jurados?! O "nível de psicologia" de vocês também não está tão elevado assim. Pois, absolver um culpado, amenizar a pena de um réu confesso e considerar que “a motivação para o crime não era fútil"? Faça-me o favor!!! (também desaprendi o significado de futilidade, nesse dia).

Fazer o quê?

Ouvir a advogada comparar um dos acusados com Jesus Cristo foi o fim!!!
Sinto muito, Meritíssima Hipócrita Cristã, mas sua bíblia deve estar com algum defeito.


Enfim...
Pra mim, não resta dúvida de que para a "Justiça Brasileira" pouco importa se um cidadão de bem, íntegro, inteligentíssimo e que representava, para mim, a personificação da amizade, foi morto ou não. É só mais um número para as estatísticas da violência. Vítimas, mesmo, são os ‘pobrezinhos’ que não tiveram outra opção a não ser matar o Zaca. Porque eles não tiveram estudos, não foram criados por um casal estável, porque não aceitavam sua sexualidade e o escambal!


Quem disse que, para o Zaca, foi fácil estudar? Quem disse que pra ele foi fácil se deslocar até o Cefet por quatro anos? Passar na UEMA? Fazer Pós-graduação? Passar em concursos públicos? Desenhar casas? Escrever? Enfrentar os preconceitos com sua estatura? Nem por isso matou, sequer, uma mosca! Isso não é desculpa!

A vida não é fácil pra nenhum de nós, mas escolhemos um caminho diferente da criminalidade. Escolhemos mostrar que pobre pode, sim, destacar-se pela inteligência, honestidade, bom senso, educação e, acima de tudo, caráter (o bom, é claro!).

Fica registrada minha revolta.

E a mim nada mais resta do que isso. Pois, para a Justiça: “sinto muito, Ferro, quem perdeu com tudo isso, foi o Zaca, que morreu sem concretizar seus planos. Quem perdeu foi você, que ficou sem o seu melhor amigo. Quem perdeu foi minha tia, que ficou sem o filho que tanto amava. Quem perdeu foi a irmã do Zaca, que ficou sem o irmão caçula que ela amava e cuidava com todo carinho. Quem perdeu foram os parentes e amigos, que viam, no Zaca, um exemplo de determinação, inteligência, simpatia, alegria e muita vontade de viver!”.