A primeira

Era um domingo.
Não um domingo comum, como os outros.
Dia 31 de março de 1991, há exatos vinte anos atrás, uma família se alegrava com o nascimento de um bebê.
"É uma linda menina!", disse a enfermeira à sua mãe.
Olhando para sua filha, com lágrimas nos olhos, a recém mamãe enche-se de ternura e um afeto que não há no mundo o que possa comparar.
O pai da criança, impaciente e aflito, espera do lado de fora da sala de parto. "As duas estão bem. Parabéns, papai, você ganhou uma linda princesa".
O nome havia sido escolhido: Priscila!
Segundo alguns historiadores, o nome Priscila vem do latim e significa "velha, antiga", no sentido de "a primeira de todas", a que veio primeiro. Parece que nesse caso o nome casaria bem a essa pérola recém chegada: a primeira filha do casal Neemias Macário e Sonja Cristiane, primeira bisneta do Sr. Roldão Francisco, a primeira neta tanto dos avós paternos, João Macário e Mª das Neves, quanto dos avós maternos, Sr. Valdeci e D. Rita Emília Barbosa.
E, por fim, mas não menos importante, é minha primeira sobrinha.
(...pausa para respirar e suspirar...)
Sinceramente, revirei minha caixinha das lembranças e não encontrei o dia que a vi pela primeira vez infelizmente, mas, felizmente, na caixa das emoções não me faltaram recordação!
O dia em que tirou a foto, ainda bebê, na grama da Escola Caminho do Futuro eu estava lá com espectador.
Indo de bicicletinha junto com o irmãozinho para a Escola Reino da Criança; algumas vezes tive o prazer de acompanhar esse trajeto.
As incontáveis vezes que passou férias na minha casa, fins de semana, almoços, confraternizações, aniversários, casamentos, passeios, festividades natalinas, amigos-secretos.
As inúmeras vezes que vimos filmes, comemos pipoca, bebemos refrigerantes, jogamos conversa fora e conversa dentro, que ficarão marcadas e eternizadas no fundo da mente e do coração.
Como esquecer das muitas e muitas vezes que dormi em sua casa, sem nenhuma motivação maior a não ser o simples desejo de estar perto, olhar nos olhos, conversar, sentir que estava bem... ah... faltaria 'caracteres' para descrever em palavras todas as lembranças!
Não teria como escrever/descrever coisas que palavras não podem dimensionar:
"tio, tô com fome, não tem nada na geladeira"; algum tempo depois chego com um prato de 'cenoura refogada ao azeite de oliva com tiras de presunto e queijo' e um tempero especial, que a fazia gostar de tudo o quanto cozinhava: o amor (não, não estou falando de Sazon!).
Puro, simples, sublime e imensurável amor.
Vinte anos após àquele domingo, a pequena princesa, por determinação do tempo e da biologia, cresce e torna-se mais que 'a primeira' filha, neta, bisneta, sobrinha.
Hoje, não por ser seu aniversário, pois há alguns anos a vida a tem moldado de forma impressionante, Priscila Moura de Lima tornou-se um exemplo de que pode-se ser bela sem ser vulgar, ser adolescente sem perder o respeito pelos pais, ser jovem e ter maturidade para dar a volta por cima quando sabe-se que errou e, por fim, se tornar uma mulher extremamente linda, decidida, ousada, inteligente e não perder a essência.
Quanto a mim... bem, sou suspeito para falar, basta apenas dizer que nossa história de amor, mesmo sem eu saber, começou a exatamente vinte anos atrás.
Te amo, Priscila, do mais profundo do meu coração. Saibas que para mim você sempre será a pequena primeira que se tornou a mais fiel e grande amiga.

Tudo começa na caminhada...

"Caminhar, principalmente para quem está iniciando um programa de atividades, é ideal para trabalhar a função cardiovascular, melhorando o nível de condicionamento físico; para ajudar na perda de peso e fortalecer os músculos" (fonte: www.cyberdiet.terra.com.br)

Era agosto de 2010. Pra ser mais exato, o segundo domingo do mês.
Pelos benefícios citados acima, estava fazendo, além de exercícios na academia, caminhada na pista que fica ao lado do aeroporto da minha cidade.
O domingo estava ensolarado, calmo, sem muita gente na pista. Perfeito para a pratica desta atividade física.
Quando cheguei em casa, senti vontade de visitar uma certa igreja da qual simpatizava muito: a Nova Aliança. Naquele fim de tarde não pensei muito, não deixei o corpo, fadigado, descansar. Banhei, me vesti e fui.
Sentei-me na arquibancada da igreja (na época, o templo localizava-se no Ginásio do Juçara Clube) e assisti ao culto, que estava agradável como sempre. Uma mensagem leve de um pastor visitante, sem muito 'apelo emocional', apenas as verdades bíblicas sendo pregadas e uma certa 'homenagem' ao Dia dos Pais.
Após a pregação, o Pr. Nonato, pastor geral da igreja, fez o convite para quem quisesse aceitar a Cristo naquela noite. Continuei sentado onde estava: sozinho, pensativo.
Ele insistiu e convidou alguém que quisesse 'reconciliar-se' com Cristo. Sem demora; racional e decididamente levantei, atravessei os corredores, me ajoelhei e entreguei-me de novo aos cuidados do Papai.
Naquele dia, não pensei muito sobre o que deveria deixar, sobre as dificuldade de se 'remar contra a maré' do 'mundo', do que teria de abrir mão, apenas me prostrei e disse a Deus o quanto tinha saudades Dele.
Chegando em casa, não teve como manter a mesma 'racionalidade' do culto. Abracei meu pai e, entre muitas lágrimas, disse: "Feliz Dia dos Pais. Tenho um presente pra você: voltei para os braços de Deus". Meu pai não entendeu muito as palavras, mas certamente compreendeu minhas lágrimas e, com muita alegria, me abraçou. Naquela noite, com toda certeza, ele dormiu bem leve, feliz.
Não sei se fisicamente a caminhada tem me feito bem, mas ela tem sido um ótimo exercício espiritual. Às vezes, quando saio de casa para caminhar, convido o Espírito Santo para caminhar comigo e o resultado é sempre extraordinário. Posso ainda não estar 'sarado', mas sei que essa caminhada vai render bons frutos.
Ainda não sei onde vou chegar, pois ao contrário da pista do aeroporto, a caminhada com Deus é dinâmica, o caminho nem sempre é familiar, conhecido, mas eu confio no meu personal trainer. Ele sabe qual melhor exercício pra mim.
A caminhada é longa, eu sei... Alguma coisa me diz que ainda estamos apenas começando.