"Lua Nova" não fala apenas de vampiros e lobisomens (pelo menos pra mim)

Ontem, assisti Lua Nova e nem imaginava que aprenderia tanta lição.
Em algumas cenas, me via na tela (não, não sou vampiro, lobo, nem tampouco a menininha indefesa que tem a 'sorte' de ser disputada por dois amores), mas é que alguns conflitos do filme me fizeram repensar sobre situações da vida.
De todas as coisas que vi e ouvi, uma das que mais me marcou foi a fala do pai de uma das personagens principais: Bella. Ele dizia: "às vezes, temos que aprender a amar o que é bom pra nós", se referindo à Jacob (lobisomem), que disputa o amor de Bella com Edward (não sei se acertei o nome do vampiro).
Bem, do ponto de vista prático, Bella deveria, sem dúvida, se jogar aos braços de Jacob, aceitar seu amor e viver "feliz para sempre", mas não é assim (nem na vida real também), nunca fazemos o que deve ser feito, nem escolhemos, na maioria das vezes, amar as pessoas "certas" e, ainda mais, há sempre um desfecho maior para se chegar ao final feliz, ao "The End". No caso do filme, já foi 'predestinado' que Bella amaria Edward e seriam felizes para sempre, só resta esperar para que a saga acabe, a tela se apague e outra fictícia história de amor termine bem sucedida.
Não tenho favorito para torcer, só decidi escrever sobre o filme por um motivo: consegui ver nele além de vampiros e lobisomens. Vi a mim.
Eu, mesmo não sendo Bella (sou belo, rs) daria uma chance para a praticidade e "aprenderia a amar o que é bom pra mim", pois, na vida real, isso pode ser bem melhor do que esperar por um vampiro, que partiu com a desculpa de estar "fazendo o melhor" para a sua amada. Infelizmente, esse desfecho só dá certo em filme, pois pra mim, se há amor de verdade, nunca, em hipótese nenhuma, deve se partir, pois pode não se ter mais tempo de 'colar' um grande e verdadeiro amor.

Bar

Mais um drink... e alguns vinte amigos na minha carteira. O que existe é solidão... Ela, que se perde por entre os copos, por entre os corpos que se perdem... Pessoas, identidades, medos, carinhos é o que insiste estar à volta.
Quando paro e penso, não vejo minhas mãos, não sinto o gosto desagradável que é estar sozinho à mesa, não sinto vontade de ir-me, primeiro julgo necessário existir um caminho firme pra depois, sim, me dar conta já num estado ébrio, talvez, de que também não sinto minhas pernas... mas, pra recreio dos meus olhos, aprecio os casais se namorando; alguns discutindo problemas irresolvíveis, o que é uma pena. Infelizmente, é uma pena os casais se desfazerem pelo nada que os invadem, resolvo me entorpecer de perguntas, afinal não são as respostas que movem o mundo (penso)...
Mais um drink!!! Que a vida recomece do outro lado do oceano pra alguém, ou, termine pra outrem do meu lado, como um cigarro que se perde e vira cinza... Não perdi alguém, de forma que algo me traga uma lembrança recente; uma sensação vazia me vem à memória, é a perda total da confiança em mim mesmo...
O céu. Olho o céu, a solidão eterna das estrelas egoístas. Quase que acendo um cigarro... mas penso melhor, logo, desisto sem um motivo relevante aparentemente. A vida não é uma garrafa de tequila a esvair-se e depois outra e outra... A vida é o amargo, é a inteligência articulada das pessoas em busca de paz inerente e eu aqui, numa mesa a espera de um garçom, à espera de um milagre, à espera do inexorável... e nada acontece, nem mesmo o garçom me percebe.
Agora sim, acendo um cigarro. Finalmente viro um meio copo de uma vodka, que me desce como alguém que se sente sem saída ao cair dentro de um poço, infinitamente, sem fundo.
Bem-vinda, noite, queira sentar-se, por que eu já não sou o mesmo de poucos minutos atrás, não sou mais o menino, que cheio de esperança fica acordado à espera do presente.
O chão é frio e sólido e os boletos bancários têm dia e horário para que tenham um pagamento efetivado... Uma citação talvez caísse bem, mas tenho odiado abrir aspas pra dizer o que já foi dito. Julgo desnecessário o convite, minha cara noite.
Por vários momentos, ultimamente tenho insistido em me achar sem saída, sem um farol. Mesmo a quilômetros de distancia, prefiro observar, no entanto. Onde está minha mente? Onde se encontram os meus cartões de crédito bloqueados... “a conta, por favor! A conta, por favor!” Ou mais um gole de saudade, para que meus pulsos de felicidade se cortem sozinhos e, repentinamente, eu me vá daqui a alguns minutos...


por Geziel Lima