Bar

Mais um drink... e alguns vinte amigos na minha carteira. O que existe é solidão... Ela, que se perde por entre os copos, por entre os corpos que se perdem... Pessoas, identidades, medos, carinhos é o que insiste estar à volta.
Quando paro e penso, não vejo minhas mãos, não sinto o gosto desagradável que é estar sozinho à mesa, não sinto vontade de ir-me, primeiro julgo necessário existir um caminho firme pra depois, sim, me dar conta já num estado ébrio, talvez, de que também não sinto minhas pernas... mas, pra recreio dos meus olhos, aprecio os casais se namorando; alguns discutindo problemas irresolvíveis, o que é uma pena. Infelizmente, é uma pena os casais se desfazerem pelo nada que os invadem, resolvo me entorpecer de perguntas, afinal não são as respostas que movem o mundo (penso)...
Mais um drink!!! Que a vida recomece do outro lado do oceano pra alguém, ou, termine pra outrem do meu lado, como um cigarro que se perde e vira cinza... Não perdi alguém, de forma que algo me traga uma lembrança recente; uma sensação vazia me vem à memória, é a perda total da confiança em mim mesmo...
O céu. Olho o céu, a solidão eterna das estrelas egoístas. Quase que acendo um cigarro... mas penso melhor, logo, desisto sem um motivo relevante aparentemente. A vida não é uma garrafa de tequila a esvair-se e depois outra e outra... A vida é o amargo, é a inteligência articulada das pessoas em busca de paz inerente e eu aqui, numa mesa a espera de um garçom, à espera de um milagre, à espera do inexorável... e nada acontece, nem mesmo o garçom me percebe.
Agora sim, acendo um cigarro. Finalmente viro um meio copo de uma vodka, que me desce como alguém que se sente sem saída ao cair dentro de um poço, infinitamente, sem fundo.
Bem-vinda, noite, queira sentar-se, por que eu já não sou o mesmo de poucos minutos atrás, não sou mais o menino, que cheio de esperança fica acordado à espera do presente.
O chão é frio e sólido e os boletos bancários têm dia e horário para que tenham um pagamento efetivado... Uma citação talvez caísse bem, mas tenho odiado abrir aspas pra dizer o que já foi dito. Julgo desnecessário o convite, minha cara noite.
Por vários momentos, ultimamente tenho insistido em me achar sem saída, sem um farol. Mesmo a quilômetros de distancia, prefiro observar, no entanto. Onde está minha mente? Onde se encontram os meus cartões de crédito bloqueados... “a conta, por favor! A conta, por favor!” Ou mais um gole de saudade, para que meus pulsos de felicidade se cortem sozinhos e, repentinamente, eu me vá daqui a alguns minutos...


por Geziel Lima

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