A vida deu uma forcinha lhes colocando na mesma rede. Rede social.
Até então, os contatos eram superficiais, como acontece com a maioria das pessoas.
O acaso foi mais ousado, lhes colocou no mesmo ambiente. Cheio de barulhos ensurdecedores, bebidas e muita 'alegria alcoólica'! O encontro não poderia ter dado mais certo.
Ironicamente, o lugar nada reservado, lhes aproximava, lhes atraia, como se faz com os lados opostos de um imã.
O desejo, mais ousado ainda, lhes levou para quatro paredes. Uma espécie de quarto secreto, no final de um caminho por onde quase ninguém passava.
Ela não era tão bonita. Não tinha os padrões de beleza impostos pela sociedade.
Ele era um belo rapaz, pelo menos aos olhos da mocinha.
A vida foi um tanto difícil para o coração da moça de pele clara, cabelo escuro, olhar profundo e sorriso fácil, embora dissessem que ela tinha cara de mal quando não sorria.
O rapaz era simpático, tinha pele morena, lábios carnudos e chamativos. Pediam beijos sem pedir. Do coração dele sabe-se pouco. Tivera poucos relacionamentos amorosos e parecia estar num dilema.
A moça, mesmo sob efeito da bebida, descobriu no primeiro beijo que o seu coração bateu mais forte. Tinha certeza que não haveria apenas aquele encontro. Ela tinha razão.
Os encontros no quarto secreto foram ficando mais frequentes. Raramente se encontravam fora daquele ambiente. Uma vez ou outra saiam para respirar outros ares, o amor deles estava familiarizado com as paredes do quarto.
A moça, por ser carente de atenção, já não se contentava com a periodicidade dos encontros. Ela queria mais. Suspirava ansiosa para estar com o amado.
O amado suspirava, nas redes sociais, no telefone, em casa. Ela se convencia da saudade de ambos, mas não aceitava os suspiros de longe. Queria suspirar de perto. Suspiros divididos são mais prazerosos.
Em uma noite incomum, decidem sair da rotina. Faria bem para ambos.
Não foram juntos, mas encontraram-se como combinado.
Era um lugar agradável, alto astral, cheio de gente bonita, 'alegria alcoólica' exalava no ambiente, mas era um lugar mais especial. Parecia ser reservado para extravasar o amor do, até então, tímido casal.
Irônico lugar.
O primeiro abraço foi aconchegante, assim como o primeiro beijo.
A moça parecia feliz por estar ali, num ambiente incomum. Mas a felicidade acabou no segundo beijo, ou melhor, na segunda tentativa de beijo.
O rapaz parecia muito tímido para demonstrar amor em público. Não se sentia muito a vontade com carinho explícito, afagos fora das quatro paredes não lhe despertava interesse.
Os abraços apertados foram se afrouxando ali. Os beijos e olhares apaixonados ficaram trancados dentro do maldito cubículo.
Ela não entendeu. Desconhecia aquela situação, pois se acostumara a ter o carinho do amado sem restrição, em todos os incontáveis encontros que tiveram. Tentou argumentar, mas foi em vão. O rapaz estava 'posudo', convicto. Desprezível.
A moça engoliu a decepção, foi pra casa, refletiu e chegou a conclusão de que não vale a pena alimentar um amor que só existe entre quatro paredes.
Acredita ainda que vai encontrar o amor, mas já não pensa em trancafiá-lo, pretende vivê-lo com liberdade. Um amor que vá além das paredes de um quarto qualquer.
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