Era noite de carnaval. Em 03 de fevereiro de 2008, um jovem de baixa estatura, conduzido por um moto-taxi, sai da Avenida Beira-Rio com destino à casa de seu primo no número 208 da Avenida Liberdade, bairro Vila Ipiranga. Não era a primeira vez que chegava àquele destino, mas essa seria a última vez que o portão daquela casa sentiria as batidas de sua pequena mão. Também seria a última vez que a vizinha da frente, dona de um conhecido bar no local, veria aquele ‘pequeno rapaz’ que, no momento, apenas pensava em chamar seu primo, entrar, tomar seu demorado banho, dormir e acordar como tanta outras vezes fizera. Mas naquele dia não seria assim.
Zaqueu Sousa de Sá, 29 anos, formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão, cursando pós-graduação em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira, aprovado na primeira etapa do vestibular para o curso de Comunicação Social – Jornalismo na UFMA, funcionário público da Prefeitura Municipal de Imperatriz e recém aprovado no concurso da Prefeitura Municipal de Davinópolis estava se divertindo com seu primo Janildo Barbosa, proprietário da referida casa na Av. Liberdade, na segunda noite de carnaval na Beira-Rio. Também estava lá a esposa de Janildo, Jany Lima, entre outros familiares e amigos.
Como sempre, esbanjava alegria e energia ao dançar. Era uma noite comum. Comeu, bebeu, dançou e conversou muito com uma de suas primas que muito estimava, Janaiza Barbosa, ela apertava sua mão como sempre fazia e aproveitavam o tempo para falar sobre tudo. Aliás, assuntos nunca faltavam quando eles se encontravam. Zaqueu aproveitou muito bem “a noite”, dizia à Jany Lima, o quanto a amava e quão importante eram os amigos que ele tinha, Zaqueu tinha verdadeira paixão por eles. Amigos não lhe faltavam, mesmo! Desde criança viveu cercado por pessoas que o admiravam e o amavam.
Apesar da deficiência física, Zaqueu, que era anão, superou todos os obstáculos que lhe foram impostos pela vida e principalmente o preconceito, já que havia nascido em um mundo que não era configurado aos de baixa estatura, nem tampouco feito para os que não tinham, aparentemente, a “beleza” padronizada por nossa sociedade, mas superou tudo isso com inteligência.
Inteligência era a ‘marca registrada’ do Zaca, como era chamado pelos amigos. Cursou, com louvor, todo o Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas de Davinópolis, cidade onde morava desde criança. Estudou Edificações no Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Imperatriz e se destacava pelo talento ao desenhar seus projetos, entre eles, desenhou a planta de sua própria casa e tinha o sonho de vê-la exatamente como estava em sua mente: com todos os acabamentos e detalhes em seu devido lugar. Só não seguiu carreira na área de Engenharia Civil ou Arquitetura por falta de um curso superior na cidade e a condição financeira nunca o proporcionara estudar fora de Imperatriz. Então, prestou vestibular para Letras – Inglês na Universidade Estadual do Maranhão e se apaixonou pelo curso. Pelo curso e pelos amigos da universidade também, estes, foram companheiros fiéis em todo tempo. Zaqueu de Sá tinha paixão em estar ali. Amava as aulas do professor Gilberto, que foi orientador em sua monografia, na qual tirou 10, e sonhava fazer mestrado em Portugal, pois se encantou com a literatura e, pra ele, Portugal era uma referência.
Mas essa história não continuaria a ser escrita dessa forma.
Na madrugada do dia 03 de fevereiro após algumas tentativas em chamar seu primo, que ainda estava na Beira-Rio à sua procura, Zaqueu foi surpreendido por alguém que não o conhecia, mas que se propôs ajudá-lo. Era Júlio César Leite Cruz, 20 anos, vigilante noturno. Não se sabe por quais motivos, mas Zaqueu o acompanhou até sua casa, quem sabe para se sentir seguro já que não havia ninguém na residência do seu primo e a rua estava completamente deserta, e, depois de algum tempo, foi brutalmente assassinado pelo jovem vigilante e um comparsa, Edison de Souza, também vigilante noturno, casado com Diana dos Santo Silva. Zaqueu foi golpeado por 22 facadas, mas uma só bastaria para que ele fosse morto, pois tinha o nível de plaquetas muito baixo, o sangue não coagulava ‘normalmente’ e, um ferimento de nada, causava grandes danos, como na infância onde ficou praticamente um mês internado por conta de um dente extraído.
No depoimento prestado à polícia alguns dias depois do assassinato, Júlio César acusou Edson de deferir os golpes e o mesmo revidou, acusando Júlio César pela execução das facadas. Entre contradições e motivações absurdas (os acusados alegaram que Zaqueu teria roubado um DVD da casa de Edson e se contradizem ao relatar em seus depoimentos que a vítima estava dormindo no sofá quando recebeu os primeiros golpes de faca) a polícia não teve nenhuma dúvida do envolvimento dos dois vigilantes na morte de Zaqueu de Sá. O corpo pequeno e frágil de Zaca foi encontrado na manhã de domingo em uma rua no Conjunto Ana Nery, bem próximo à casa onde seu primo morava, ali foi reconhecido pelos familiares, inclusive pelo próprio primo, Janildo. Impossível não reconhecer aquele corpo! Seu primo não queria acreditar que o tão querido Zaca estava ali. Logo ele, que o viu esbanjar vida na noite anterior, o vê ali, estendido, ensangüentado, sem vida. Foi duro acreditar.
Após todos os procedimentos periciais, o corpo de Zaqueu Souza de Sá foi levado à cidade onde morava, Davinópolis, e foi velado pelos familiares e amigos. Aquele dia do mês de Fevereiro nunca mais sairá da mente de quem o amava. De quem sonhava em vê-lo realizando todos os seus sonhos, lançar um livro era um deles. A dor da perda se estampava no rosto dos familiares, a mãe de Zaca estava inconsolável, parte dela tinha partido, pra sempre, era inconcebível pensar isso! Entre os que o conhecia ficava a pergunta: “Por quê?” Pergunta sem resposta, até hoje.
Hoje, só se pode contar a história de um Fevereiro Negro que levou embora uma preciosidade para quem o conhecia e um exemplo para os que de longe o admiravam. Quanto aos assassinos, esperam o dia de serem julgados. Anseia-se, apenas, que a justiça seja feita para que outras histórias de sucesso não sejam escritas pela metade e no fim delas possa se ler como nos contos de fadas: “E viveram felizes para sempre”.
Zaqueu Sousa de Sá, 29 anos, formado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão, cursando pós-graduação em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira, aprovado na primeira etapa do vestibular para o curso de Comunicação Social – Jornalismo na UFMA, funcionário público da Prefeitura Municipal de Imperatriz e recém aprovado no concurso da Prefeitura Municipal de Davinópolis estava se divertindo com seu primo Janildo Barbosa, proprietário da referida casa na Av. Liberdade, na segunda noite de carnaval na Beira-Rio. Também estava lá a esposa de Janildo, Jany Lima, entre outros familiares e amigos.
Como sempre, esbanjava alegria e energia ao dançar. Era uma noite comum. Comeu, bebeu, dançou e conversou muito com uma de suas primas que muito estimava, Janaiza Barbosa, ela apertava sua mão como sempre fazia e aproveitavam o tempo para falar sobre tudo. Aliás, assuntos nunca faltavam quando eles se encontravam. Zaqueu aproveitou muito bem “a noite”, dizia à Jany Lima, o quanto a amava e quão importante eram os amigos que ele tinha, Zaqueu tinha verdadeira paixão por eles. Amigos não lhe faltavam, mesmo! Desde criança viveu cercado por pessoas que o admiravam e o amavam.
Apesar da deficiência física, Zaqueu, que era anão, superou todos os obstáculos que lhe foram impostos pela vida e principalmente o preconceito, já que havia nascido em um mundo que não era configurado aos de baixa estatura, nem tampouco feito para os que não tinham, aparentemente, a “beleza” padronizada por nossa sociedade, mas superou tudo isso com inteligência.
Inteligência era a ‘marca registrada’ do Zaca, como era chamado pelos amigos. Cursou, com louvor, todo o Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas de Davinópolis, cidade onde morava desde criança. Estudou Edificações no Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Imperatriz e se destacava pelo talento ao desenhar seus projetos, entre eles, desenhou a planta de sua própria casa e tinha o sonho de vê-la exatamente como estava em sua mente: com todos os acabamentos e detalhes em seu devido lugar. Só não seguiu carreira na área de Engenharia Civil ou Arquitetura por falta de um curso superior na cidade e a condição financeira nunca o proporcionara estudar fora de Imperatriz. Então, prestou vestibular para Letras – Inglês na Universidade Estadual do Maranhão e se apaixonou pelo curso. Pelo curso e pelos amigos da universidade também, estes, foram companheiros fiéis em todo tempo. Zaqueu de Sá tinha paixão em estar ali. Amava as aulas do professor Gilberto, que foi orientador em sua monografia, na qual tirou 10, e sonhava fazer mestrado em Portugal, pois se encantou com a literatura e, pra ele, Portugal era uma referência.
Mas essa história não continuaria a ser escrita dessa forma.
Na madrugada do dia 03 de fevereiro após algumas tentativas em chamar seu primo, que ainda estava na Beira-Rio à sua procura, Zaqueu foi surpreendido por alguém que não o conhecia, mas que se propôs ajudá-lo. Era Júlio César Leite Cruz, 20 anos, vigilante noturno. Não se sabe por quais motivos, mas Zaqueu o acompanhou até sua casa, quem sabe para se sentir seguro já que não havia ninguém na residência do seu primo e a rua estava completamente deserta, e, depois de algum tempo, foi brutalmente assassinado pelo jovem vigilante e um comparsa, Edison de Souza, também vigilante noturno, casado com Diana dos Santo Silva. Zaqueu foi golpeado por 22 facadas, mas uma só bastaria para que ele fosse morto, pois tinha o nível de plaquetas muito baixo, o sangue não coagulava ‘normalmente’ e, um ferimento de nada, causava grandes danos, como na infância onde ficou praticamente um mês internado por conta de um dente extraído.
No depoimento prestado à polícia alguns dias depois do assassinato, Júlio César acusou Edson de deferir os golpes e o mesmo revidou, acusando Júlio César pela execução das facadas. Entre contradições e motivações absurdas (os acusados alegaram que Zaqueu teria roubado um DVD da casa de Edson e se contradizem ao relatar em seus depoimentos que a vítima estava dormindo no sofá quando recebeu os primeiros golpes de faca) a polícia não teve nenhuma dúvida do envolvimento dos dois vigilantes na morte de Zaqueu de Sá. O corpo pequeno e frágil de Zaca foi encontrado na manhã de domingo em uma rua no Conjunto Ana Nery, bem próximo à casa onde seu primo morava, ali foi reconhecido pelos familiares, inclusive pelo próprio primo, Janildo. Impossível não reconhecer aquele corpo! Seu primo não queria acreditar que o tão querido Zaca estava ali. Logo ele, que o viu esbanjar vida na noite anterior, o vê ali, estendido, ensangüentado, sem vida. Foi duro acreditar.
Após todos os procedimentos periciais, o corpo de Zaqueu Souza de Sá foi levado à cidade onde morava, Davinópolis, e foi velado pelos familiares e amigos. Aquele dia do mês de Fevereiro nunca mais sairá da mente de quem o amava. De quem sonhava em vê-lo realizando todos os seus sonhos, lançar um livro era um deles. A dor da perda se estampava no rosto dos familiares, a mãe de Zaca estava inconsolável, parte dela tinha partido, pra sempre, era inconcebível pensar isso! Entre os que o conhecia ficava a pergunta: “Por quê?” Pergunta sem resposta, até hoje.
Hoje, só se pode contar a história de um Fevereiro Negro que levou embora uma preciosidade para quem o conhecia e um exemplo para os que de longe o admiravam. Quanto aos assassinos, esperam o dia de serem julgados. Anseia-se, apenas, que a justiça seja feita para que outras histórias de sucesso não sejam escritas pela metade e no fim delas possa se ler como nos contos de fadas: “E viveram felizes para sempre”.
Ferro.