Excesso de saudosismo

Parece exagero. Excesso de saudosismo.
Lembranças de um tempo em que fui, realmente, muito feliz e não há mais como voltar.
Não digo que nunca mais serei tão feliz quanto àquela época, mas essa afirmação é apenas uma constatação de um fato: o tempo não volta.
Não volta a infância entre os pés de manga, goiaba e outras frutas na casa da tia Deta. Infância regada à muitas brincadeiras, risadas, afetos, abraços e a presença de Zaqueu.
Os conflitos da adolescência, medos, dúvidas e as confissões difíceis, mas necessárias, também não voltarão. Adolescência que foi marcada pelo nascimento da mais pura, forte e singela amizade.
A partir de então, não era mais apenas a presença de Zaqueu, era a necessidade de se ter um ao outro. Questão de sobrevivência!
Não voltarão mais as 'pirações' juvenis, os momentos em que, até mesmo de forma inconsequente, 'aproveitamos a vida', fugimos, matamos aulas, viajamos, lanchamos, banhamos de chuva, escancaramos nosso amor através das palavras, gestos e constante companhia.
Era comum chegar em determinado lugar e ser, de súbito, indagado: 'cadê o Zaqueu?' e, ironicamente, respondia: 'nunca mais o vi'.
É... realmente acostumei-me mal. Não imaginava que um dia não me fariam mais aquela pergunta. Queria ouví-la novamente e responder como, muitas vezes, respondia: "faz tanto tempo que não vejo o Zaca; deve ter uns dois dias que não nos encontramos". A verdade é que dois dias longe um do outro era um martírio.
Mesmo se passássemos o dia inteiro juntos, à noite, quando chegávamos em nossas casas, corríamos para o PC e continuávamos o papo no MSN.
Parece exagero. Excesso de saudosismo.
Mas não é!
Há um pouco mais de três anos a história mudou tragicamente.
Acostumar a viver outra vida não é fácil.
Não sei se dá para acostumar-se a não viver uma amizade tão forte, verdadeira.
É impossível não sentir tanta falta de alguém que era presença certa.
Não dá para conter as lágrimas ao relembrar de uma vida feliz que foi vivida por dois, mas que, por uma infeliz circunstância, foi repartida ao meio.
Parece exagero. Excesso de saudosismo.
E é.
Uma amizade exageradamente singela. Excessivamente saudosa.
Inesquecível!

2 comentários:

Adenilson de Oliveira disse...

Muito bom, Muito emocionante...
Abraços amigo!!!!

Bié! disse...

é engraçado que msm muito longe disso, ainda me lembro do primeiro dia que nos falamos, e não diferente vc me contou sobre seu primo e me lembro de dizer a mesma frase 'excesso de saudosismo ou exagero' , confesso que não me lembro o que respondi, mais com toda certeza, não diferente do que penso hoje, que não nunca vi um amor tão forte, tanta sicneridade e talvez nunca me emocionado tanto.Talvez porque fui te conhecendo mais e sabendo mais do seu querido "Zaca" e fazendo tudo um sentido grande, e aprendendo com você aos poucos, que amor é algo tão maior, tão mais forte e até tão mais simples. !!!