Análise Estética do filme “O Fantasma da Ópera”

O musical “O Fantasma da Ópera”, de Andrew Lloyd Webber, dirigido por Edward Sedgwick, baseia-se num livro do escritor francês Gaston Leroux e aborda, dentre outros temas, a questão da ‘beleza’.
Desde a antiguidade, procura-se, sem sucesso, conceituar a beleza. Essa discussão deixou de ser, meramente estética, e passou a ser, também, “objeto” de discussão filosófica. Para Kant, a definição de beleza é “problemática”, já que esse conceito tem um caráter, quase que estritamente, subjetivo. Para ele, “Não pode haver nenhuma regra de gosto objetiva, que determine, por meio de conceitos, o que seja belo”. Para Platão, o belo está relacionado ao que é agradável à vista.
Na crítica da obra de arte, o conceito de belo entra em parceria com as noções de gosto, de equilíbrio, de harmonia, de perfeição - efeitos que se produzem no sujeito apreciador, ou seja, a beleza pode estar, também, nos olhos de quem vê.
A primeira cena do filme “O Fantasma da Ópera” está composta em preto e branco. Ela nos transporta a um leilão, que acontece no empoeirado ‘Opera de Paris’. Há morcegos e teias de aranha na cena, um contraste com os ‘engomados’ e, rigorosamente vestidos, participantes do leilão. Dentre os itens a serem leiloados, está um suntuoso lustre que havia sido recuperado depois do “famoso desastre” ocorrido naquele mesmo teatro.
A transição para a cena seguinte é interessantíssima! Como num passe de mágica, o lustre se acende, volta ao seu lugar, traz cor ao filme e enche de vida o antigo e ‘morto’ teatro. O diretor do filme optou por inverter o efeito que o “preto e branco” produz. As cenas com esse efeito, na verdade, são as que remetem aos ‘dias atuais’. Em contradição, ele usou as cores nas cenas do ‘passado’, onde a trama do filme se desenrola.
Christine Daaé, protagonista do filme, é uma jovem cantora da companhia de teatro. Ela substitui, com louvor, a estrela da companhia e após sua triunfal apresentação, explica a sua amiga Meg Giry, de onde vem o “talento”. Ela diz ter aulas com o “Anjo da Música” enviado por seu pai ao morrer. Estaria seu talento sendo atribuído ao ‘divino’, sobrenatural? O fato é que Christine acredita ser ‘agraciada’ pelas aulas de um anjo. A cena em que mostra o encontro com o “anjo”, que posteriormente viria a se revelar “fantasma”, é acompanhada por uma música que mescla o erudito com o ‘contemporâneo’, pois há nela elementos atuais como o uso de guitarra e bateria, por exemplo.
A fotografia do filme é belíssima! Ela adéqua a iluminação certa a cada tipo de cena. Dependendo do tema, os musicais apresentados no teatro são cheios de cor, luz e muitas velas. A cena do baile de máscaras é uma das mais elaboradas. As coreografias foram milimetricamente executadas, as luzes são fortes, vibrantes. As ‘falas’, nessa cena, reforçam a idéia de que as máscaras são necessárias. Elas escondem quem você realmente é e te envolvem num ‘faz-de-conta’, onde há a possibilidade de ser quem você quiser.
A cena em que Christine visita o cemitério onde está o túmulo de seu pai, é forte e sombria. As cores frias dão à cena a sensação de solidão, de vazio. As esculturas dos anjos, espalhadas por todo o cemitério e a arquitetura dos túmulos revelam a influência gótica no musical. A ‘frieza’ da cena é quebrada pela luz ‘quente’, vermelha, que sai do túmulo de seu pai e ilumina a atriz principal.
O musical é belíssimo, os atores e atrizes estão devidamente caracterizados. O figurino reproduz, fielmente, a ‘moda’ do século XIX.
Em toda a trama, o filme nos desperta as mais variadas sensações e, nas entrelinhas, nos deixa uma importante reflexão: seria a genialidade inútil se a ‘beleza’ não acompanhar o gênio? O “Fantasma”, desde cedo, foi rejeitado pela sociedade, pois estava fora de um padrão. Em um dos trechos ele desabafa: um fantasma que “sonha secretamente com a beleza”.
Se o ‘padrão’ é cruel com os ‘diferentes’, “esconda seu rosto, para que o mundo não o encontre”, ou mascare-se, para que o mundo o aceite como você não é.

4 comentários:

mariana disse...

bellissimo!!!!!! parabens pela visai critica maravilhosa q vc tem !

joelrlima disse...

óia.... deu vontade de assistir agora...

kkkk
abraço

Anônimo disse...

Que menino culural gente.
ótima visão critica.

Beijo

Bié! disse...

Depois de tudo isso ., preciso rever o filme com esta otica.rs. mais ta de fato incrivel . e belo como de fato e toda a opera do filme'