Série: "Trabalho de Ética e Jornalismo" (3)

Métodos lícitos, ilícitos, verdade, objetividade e exatidão da informação.

Desde muito tempo vincula-se à profissão do jornalista a constante busca pela verdade (não a verdade abrangente almejada pela filosofia, mas a verdade objetiva dos fatos), objetividade e imparcialidade.
A busca pela objetividade surge da necessidade de minimizar a subjetividade no relato dos fatos, pois é impossível que ela seja extinta, posto que o jornalismo é uma prática social desenvolvida por seres humanos, e a subjetividade é inerente ao homem. A objetividade jornalista é, então, nos apresentada como a solução para esse ‘problema’. São técnicas que devem ser utilizadas como, por exemplo: expor o contraditório, ouvir as partes interessadas no fato; apresentar provas auxiliares e fatos suplementares que fundamentem o essencial da notícia; utilizar citações entre aspas, para demonstrar que foi dado o direito das pessoas falarem; estruturar a notícia segundo a técnica da pirâmide invertida, chamando atenção do leitor para o que era mais importante. que é impossível dentre muitas outras técnicas.
O código de Ética dos Jornalistas Brasileiros diz, no artigo 9, que a presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística. Embora muitas vezes, diante de um furo iminente, o jornalista ignore esse artigo e denuncie, julgue e submeta pessoas à execração pública sem ter o cuidado de apurar, criteriosamente, os fatos relevantes para se chegar o mais próximo possível da verdade. A questão é: qual é o limite para a obtenção das informações?
O limite é o interesse público. Se a informação, de fato, tem relevância para a sociedade enquanto cidadã “os fins, justificam os meios”. Apesar de que o código de ética condena alguns métodos para a obtenção da informação e o jornalista deve usar os criteriosamente alguns desses métodos para evitar problemas tanto para sua fonte como para o próprio jornalista. Em uma de suas edições, o código de ética dos jornalistas dizia que era direito do jornalista ter acesso amplo às fontes de informação jornalística, especialmente aos fatos que influenciam a vida pública, mas é dever deste: respeitar a verdade, comprovar a correção da informação antes de a notícia ser publicada; recorrer a diversas fontes; garantir a audiência das partes interessadas. Mencionar fato ou circunstância cuja exatidão não possa imediatamente comprovar somente quando determinar o interesse público da informação, fazendo menção expressa a sua natureza duvidosa. Observar meios éticos e legais na obtenção da informação, identificando-se, sempre que solicitado, como jornalista no exercício da profissão. Obter documentos e fotografias com assentimento da pessoa diretamente envolvida caso a divulgação deles lhe venha a expor a vida privada. Respeitar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas.
Como a prática difere-se da teoria, em muitos casos os jornalistas esquecem-se dos seus deveres e o infringem, usando câmeras escondidas, expondo a vida privada das pessoas envolvidas no caso como se isso fosse de interesse público, dentre outros.
Há inúmeras práticas ilícitas na ‘elaboração da notícia’, no processo de apuração e na obtenção de informações que devem ser evitadas pelos jornalistas. Dentre elas pode-se citar, por exemplo, veicular como culpado alguém que, sequer, foi julgado em tribunal, que ainda está na condição de suspeito; inventar histórias falsas para servir como base para uma suspeita, tentando justificá-la; filmar ou transmitir suicídios, pois se entende que, evitando tal transmissão, o jornalista protege a sociedade de outros fatos semelhantes; maquiar, inventar entrevistas; comprar documentos que comprovem a ‘veracidade’ da informação que se deseja transmitir; aceitar subornos para beneficiar alguém ou algum grupo.
Enfim, o jornalista deve buscar, criteriosamente, aproximar o resultado de seu produto jornalístico ao que se espera da objetividade e mesmo que ele tenha suas convicções ideológicas, crenças, valores e tendências políticas, deve abrir mão, muitas vezes dessas certezas, para que o pacto de confiança entre quem consome e quem produz a notícia não seja quebrado e o jornalista tenha, cada dia mais, a credibilidade que tanto se almeja.

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