Quem é o professor?

Chegou meio sem jeito. Cabelo “moicano”, calça jeans, camisa gola V. A turma estranha. “É aluno ou professor?”, certamente se perguntam.
Ele começa a falar. Quem sabe tenta explicar o motivo de estar ali.
Meio sem jeito ainda, continua falando, falando e falando. Enfim, a turma parece entender o que ele fala, pelo menos sabe que fala em português, mas não entende exatamente o que ele quer dizer. Questiona-se o motivo da substituição, já que o ‘antigo’ professor não deu motivo algum para se ausentar.
Enfim, entendidas as partes, passa-se para o momento mais ‘dramático’, tanto da turma, quanto do ‘novo’ professor.
A responsabilidade é grande, os alunos têm que compreender o que querem dizer aqueles números e fórmulas escritas no quadro.
Dilatação Superficial... Superfície inicial vezes o coeficiente de dilatação superficial, que é duas vezes o coeficiente de dilatação linear, vezes delta téta, ou seja, a variação da temperatura e blá, blá, blá... Alguém sabe o que está escrito? As meninas estão olhando mesmo para o quadro ou para o estilo ‘boyzinho’ do professor? Os meninos decoram a fórmula ou pensam em uma piada para ridicularizar aquela “ameaça” à atenção feminina? O começo é sempre difícil, para qualquer coisa que se vá fazer. Mas estar em sala com uma turma de jovens de diferentes culturas, pensamentos, religiões e cores, não é uma tarefa muito fácil. Certamente é bem mais simples explicar a dilatação superficial. Voltemos para o quadro, então!
O quadro, que outrora estava cheio de fórmulas e palavras, se apaga. Diferentemente das sensações que se vivem em sala de aula, que não se apagam nunca!
Sentimentos que variam do amor ao ódio em questão de segundos. Sim, ser professor também é ser intenso! É vida real! É emoção de descobrir, a cada dia, algo novo. Mas algumas situações me fizeram refletir: quem realmente ensina quem?
O professor, muito didático e atencioso, escreve o conteúdo no quadro, esboça sobre o tema proposto, aplica exercícios, explica como resolvê-los e, às vezes, quase os entrega de “mão beijada” para ter a felicidade de ver o aluno responder. O aluno, por sua vez, copia, ouve o que o professor diz (nem sempre é assim, mas... enfim), tenta resolver os exercícios e quando há dúvida, levanta o dedo e diz: “professor, não estou conseguindo responder”. Ele, solícito, vai até o aluno e explica novamente. “É, professor, é que não tenho muita facilidade com essa disciplina... trabalho o dia todo... tenho muitos irmãos... briguei com o namorado (a)... estou afim de um rapaz, mas não sei o que fazer... aquela menina me deixa fora do sério, professor, me chama a atenção...” e assim vai, compartilhando não só os problemas aritméticos, mas os problemas da vida. Vida que, às vezes, é incerta quanto ao futuro.
Que profissão seguir? Estudar ou parar? Ser apenas dona de casa ou tentar uma vida mais independente? Trabalhar ou continuar estudando mais? E, assim, me levaram a reflexão de que mais aprendi do que ensinei. Aprendi que nem todos são iguais e que é extremamente necessário respeitar essas diferenças. Que não posso obrigá-los a aprender o que ensino, mas que posso dar motivos para que queiram aprender. Aprendi que ser um bom aluno, muitas vezes, não significa tirar 10 sempre, mas que o esforço para conseguir uma boa nota foi tudo o que se pôde dar naquele momento.
Enfim, compreendi que ser professor é, também, ser aluno, que muitas vezes aprende o que as turmas podem lhe ensinar, mas outras vezes não. Que escuta, atentamente, o que eles querem dizer, mas nem sempre ouve o que é essencial. Aprendi que cada turma é única, cada aluno é singular e cada um tem um significado especial.
Entendi, então, que ser professor é, acima de tudo, aprender lições que o ‘quadro da vida’ não apagará jamais.
Obrigado, meus alunos!

1 comentários:

marcos kawan disse...

poxa ferro apesar da gente se conhecer a pouco tempo mais considero vc como se fosse um amigo de muitos e muitos anos veja so como e as coisas de DEUS ele ja tinha planejado isso tudo,atraves da saida do prof. Nemias ele pois vc pra nao deichar nois do 2 ano D como tambem outras salas se atrasar no conteudo de matematica. e atraves da sua substituiçao pela do Nemias a nossa amizade foi cresendo e espero q nunca mais acabe abrasos mano e ate a proxima..kawan